terça-feira, 27 de setembro de 2011

O artesanato gera renda e estimula formação de cooperativa de mulheres

 por Ellen Reis 

Antes que qualquer trabalho pudesse ser desenvolvido em Barra de Guabiraba foi preciso um estudo minucioso para descobrir qual a “cara” do artesanato local, qual a cultura preponderante nele e quais as raízes de tradição que norteiam sua história. Esse processo foi bastante interessante porque o Núcleo de Saúde Pública e Desenvolvimento Social (NUSP) conseguiu descobrir a história da origem do local; resgatou todo um passado próspero sustentado pela riqueza das águas; tomou conhecimento da força da liderança feminina (31,76% mulheres responsáveis pelo domicílio – IBGE/2007). Então o ápice desse processo foi buscar essas origens e valorizar o que o município tem de melhor.
O NUSP conseguiu um pequeno recurso, com o apoio do Canadá (em um projeto chamado AIPS – Ações Intersetoriais e Promoção da Saúde) para trabalhar e organizar o grupo de mulheres artesãs. Foram realizadas várias aulas de capacitação sobre cerâmica e cooperativismo, por exemplo, reuniões semanais de monitoramento e muitos eventos culturais aconteceram com o objetivo de adquirir fundos para auxiliar na compra de matéria-prima para a confecção dos produtos artesanais. Dessa forma, as mulheres artesãs recebiam o apoio financeiro e o auxílio de profissionais que orientavam acerca da importância de se trabalhar em grupo; o valor da arte como instrumento de linguagem, a necessidade de preservar as bases históricas e as raízes culturais locais e a explorar o conceito de cultura comum para que, em meio à diversidade dos modos de vida particulares, se consiga estabelecer um grupo coeso.
Noções como essa fizeram o artesanato das mulheres de Barra de Guabiraba se desenvolver de tal modo que hoje é possível enxergar a trajetória do município antes e depois das ações intersetoriais em promoção da saúde dentro da perspectiva de município saudável: foi criado um símbolo do grupo, foi reconstruída e valorizada a tradição das mulheres artesãs que trabalham com o barro (de alta qualidade que até a pouco tempo quase ninguém tinha conhecimento), participaram por 2 anos consecutivos da Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte) e ainda foi feito um estudo de viabilidade do negócio com a proposta de formar efetivamente uma cooperativa, de conseguir um espaço, de comprar fornos para facilitar o trabalho. Todas essas metas têm recebido o apoio de instituições como o PRÓ-RURAL, o IPA (Instituto Pernambucano de Agricultura) e o próprio Conselho de Desenvolvimento Local.
Na próxima segunda-feira, dia 03 de Outubro, haverá uma reunião com o objetivo de apresentar o modelo de gestão cooperativa às mulheres. Em seguida, elas realizarão a primeira assembléia que constituirá formalmente a cooperativa. A proposta é que essas artesãs recebam um suporte técnico (profissionais da área de Direito, por exemplo, se encarregarão da parte jurídica da oficialização da cooperativa) e constitucional. Isso vai permitir um maior fortalecimento do grupo que, através dos projetos desenvolvidos pelo NUSP, conseguem gerar renda, promover educação para toda a população, beneficiar jovens, mulheres, professores, costureiros, lideranças comunitárias, assim como contribui para o desenvolvimento local.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Inserção de Barra de Guabiraba na Rede Pernambucana de Municípios Saudáveis

por Ellen Reis
São Joaquim da Barra, apenas Barra, Itapecó, Guabiraba e, finalmente, Barra de Guabiraba. Foi o historiador Mário Melo que se deparando com uma frondosa Guabiraba na confluência dos rios Sirinhaém e Bonito Grande teria determinado o nome do local como definitivamente Barra de Guabiraba. Os vários nomes pelos quais o lugar passou revela toda uma grande carga histórica que começou com uma pequena população em derredor do sítio de Manuel Lorentino dos Santos. Mais tarde o povoado foi elevado à categoria de vila, em 1939, e em 1958 a município. 
Colar produzido por mulheres artesãs
de Barra de Guabiraba
Barra de Guabiraba faz parte da microrregião do Brejo Pernambucano (Agreste) juntamente com Bonito, Camocim de São Félix, Sairé e São Joaquim do Monte; situa-se geograficamente nos domínios da Bacia hidrográfica do Rio Ipojuca; tem hoje uma população de 12.765 habitantes (IBGE/2010); possui um solo fértil, propício à agricultura, como o plantio da cana-de-açúcar e o município é um dos maiores produtores e exportadores de flores da região. A cidade usufrui de riquezas ainda maiores: a água e os trabalhos artesanais. Barra possui diversas cachoeiras espalhadas por todo o seu território. E entre as quedas d’águas mais visitadas estão as do Galo e a da Onça, próprias para o banho. Além disso, o município é conhecido pelo grande trabalho que desenvolve na área do artesanato com a produção de colares, por exemplo. Com o objetivo de destacar a cultura local e fortalecer a integração social dos membros da comunidade foi que o Núcleo de Saúde Pública e Desenvolvimento Social (NUSP) iniciou suas ações intersetoriais em promoção da saúde dentro da perspectiva de Município Saudável em Barra.
A inserção dessa cidade na Rede Pernambucana de Municípios Saudáveis engloba as questões sociais, – tentativa de melhorar o IDH da microrregião - a questão geográfica e a própria vontade política do governo e da comunidade local. Foi a partir de então que, juntamente com Bonito, Camocim de São Félix, Sairé e São Joaquim do Monte, Barra de Guabiraba fez parte do grupo de municípios piloto para compor o projeto “Municípios Saudáveis no nordeste do Brasil. Na medida em que atividades iam sendo desenvolvidas nessas localidades, houve a necessidade de promover encontros de Rede com o objetivo de compartilhar os resultados obtidos nas cidades. Através desses encontros, Barra de Guabiraba tomou conhecimento do sucesso do artesanato com as mulheres e crianças artesãs, da zona rural de São Joaquim do Monte, no distrito de Barra do Riachão que apresentavam um trabalho artesanal de rede de pesca, utilizando o cordão como matéria-prima. Os grupos de mulheres e crianças tiveram o apoio da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) através de um projeto de extensão. As ações desenvolvidas deram tão certo que os produtos ganharam espaço na Feira Nacional de Negócios do Artesanato (FENEARTE).
Barra de Guabiraba desejou desenvolver atividades artesanais semelhantes as que estavam acontecendo em Barra do Riachão e com o apoio da cooperação internacional Brasil-Canadá, através do projeto Ações Intersetoriais em Promoção da Saúde (AIPS)-Empoderamento das Mulheres Artesãs de Barra de Guabiraba e Modelando Sonhos: Integrando o Artesanato e o Design para a construção de um município Saudável em Barra foi criado o grupo “Arte das Comadres”, com mulheres do bairro da Boa Esperança.